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É natal.



Natal é amanhã e o meu sentimento acerca disso é de angústia e medo. O tempo passou muito rápido! (Ou eu estou com essa impressão por não ter aproveitado o meu tempo o suficiente?). Eu mal coloquei em prática os planos que eu tinha em mente pra 2013 e já estou com os pensamentos e planos renovados pra 2014. Mas o assunto dessa vez não é esse e sim o natal. Ah, o natal... A data comemorativa que parou de fazer sentido pra mim há um tempinho. Eu nem sei por onde começar. Na infância, eu não tinha essa repulsa por natal mas nunca foi uma das minhas datas favoritas. Sempre gostei mais da páscoa (mesmo sem nunca ter sido fã de chocolate), já que criança não se liga muito em religião e seus acontecimentos ''históricos'' que posteriormente viram datas mundialmente comemorativas. Minha família (mãe, pai e irmão) nunca foi religiosa. -Eu separo parentes de família- então eu nunca fui de me importar com o verdadeiro sentido da coisa, religiosamente falando. Porque sabemos que existe um outro lado da moeda, onde quem lucra com essas datas comemorativas é o comércio. O que me fazia ter o mínimo de gosto em participar de festas e ceias natalinas, eram as trocas de presentes. Como eu era criança, ganhava presentes e mimos não só dos meus pais, como dos parentes por parte de mãe e por parte de pai e eu adorava. Sempre ficava ansiosa e fazia listas enormes com opções de presente pro papai noel me dar. Desde coisas materiais à coisas impalpáveis, eu sempre pedia em minhas orações, mesmo que sem religião e em minhas cartas de papai noel, muita saúde pros meus pais. Sempre tive medo de perde-los. E lembro que sempre costumávamos passar o natal na casa de uma tia evangélica minha. E era legal, eu tinha contato com meus primos e sempre tinha o momento que o o meu tio vestido de papai noel chegava cheio de presentes e entregava pra todo mundo. Mas eram tempos antigos e tempos que meus pais ainda tinham uma certa paciência pra alimentar a minha ilusão nessa coisa toda. Eu fui crescendo e comecei a pedir presentes caros (até então eles conseguiam me enganar comprando coisas mais baratas, que por sinal meu pai adorava fazer isso, eu pedia uma barbie, ele me dava a barbie mas nunca era a que eu pedia e sempre era a mais barata possível). E com a minha vontade de ter coisas mais caras e inacessíveis, veio a vontade dos meus pais de acabar com essa palhaçada e me contar de vez que eles compravam os presentes e que estava na hora de entender isso e começar a pedir coisas mais acessíveis ao bolso deles. Eu pedia coisas absurdamente caras. E eu também já estava naquela fase da infância de curiosidade, aquela que já começa a perguntar sobre sexo pros pais e também a perguntar se papai noel existe. E eu havia perguntado: ''mamãe, papai noel existe? pode me falar a verdade, eu vou entender''. E coincidiu de nesse mesmo ano eu ter escrito uma carta pedindo algo bem caro, que eu nem lembro o que era. E eles resolveram me contar que na verdade eles compravam os presentes e colocavam na árvore pra no dia seguinte eu abri-los e morrer de felicidade. E eu fiquei triste mas ao mesmo tempo com o sentimento de ''eu já sabia'', sempre fui bem esperta pra minha idade. E não, eles não estragaram a magia da infância, eu tive minha fase de acreditar e de me iludir achando que eu tinha que dormir cedo pro papai noel vir na minha casa e deixar meu presente perto da árvore e inclusive eu tinha medo dele trocar os presentes e me dar algo errado, hahaha. E eu tinha o costume de deixar aquelas meias de natal penduradas na janela, segundo minha mãe, papai noel deixava doces lá dentro e eu me amarrava. Mas eu sempre fui mais avançada pra minha idade e já estava na hora disso acabar e eu amadurecer mais um pouquinho. E eu aceitei numa boa. Acabei contando pra umas amigas e estragando a magia delas mais cedo também, e foi sem querer. É bem gostoso lembrar dessa fase minha, de criança madura. De criança inocente mas que já sabe que papai noel e coelhinho da páscoa não existem. Não vou dizer que a partir desse dia o natal se tornou algo menos mágico pra mim, porque não foi. Continuou tudo normal, e eu comparecia em todas as festas natalinas, de familiares por parte de mãe e por parte de pai, na casa dos meus avós, e tios. E continuei ganhando presentes. Só que eu comecei a pedir coisas mais fáceis pros meus pais comprarem. O natal começou a ser realmente motivo pra chorar e não sorrir, quando eu completei uns 11 anos, por aí. A época que a ficha realmente caiu. E eu vi que a família (não só a minha), não era unidas e que era tudo falsidade. Clichê falar isso né? Tudo bem, família é família mas eu observo que ninguém está presente durante o ano todo e a minha família toda mora em Brasília, então não tem desculpa de distância. Então eu não vi sentido em ir pra essas festas, e fingir que me importo com todos, porque pra mim, minha FAMÍLIA de verdade, sempre foram meus pais, irmãos e quem morava comigo e estava presente no meu cotidiano. Ao decorrer da vida eu passei por muitos momentos ruins e eu reparava quem estava comigo e quem não estava. Os parentes mais próximos, que se preocupavam, eu fazia questão de ir dar um abraço e desejar boas festas. Já os outros, pra mim perdeu o sentido. E eu fiquei totalmente desinteressada. E começaram as brigas aqui em casa por isso, meus pais queriam ir e eu não. E diziam que não iam sem mim e nem me deixariam em casa sozinha no natal. Seria depressivo pra mim e pra eles, de irem em festa sem mim. Mas eu comecei a me recusar a ir e nem a força eu ia. Uma vez eu fui meio que a força, fui toda mal arrumada e com a cara fechada. Foi horrível. O que salvou minha noite foi a conversa que tive com meu tio, que me arrancou umas risadas sinceras. Mas o resto, nossa, eu cheguei em casa bufando de raiva por terem me obrigado a ir. Fiquei muito bolada. E depois desse natal que foi horrível pra mim e eu fui contra a minha vontade, eu nunca mais fui, nem que me puxassem pelo cabelo e sempre fiquei em casa. E não me importo. No começo foi complicado. Eu ficava triste, chorava, por ver propagandas de TV com famílias unidas e felizes na ceia de natal e eu em casa, vendo TV, vendo filmes, lendo. Meu pai não se importava se eu queria ir ou não, ele queria ir e ia sem mim mesmo. Já a minha mãe, queria acompanha-lo mas ficava com um aperto no coração por não ter a filha junto e obviamente os parentes perguntavam de mim e ficava chato dizer que eu não quis ir. E eu recebia ligações de pessoas dizendo: ''cadê você aqui?'' e eu tinha que inventar que tava passando mal, sempre. Depois desse acontecimento, meus pais separaram e aí sim, meus natais nunca mais foram os mesmos. Eu fiquei em casa com a minha mãe, então ela não se preocupava em fazer ceia, nem nada. Ficávamos dormindo em meio aos barulhos de festejos alheios. Foi o natal mais triste da minha vida e traumatizante. Nesse dia eu senti na pele o que as pessoas sem família sentiam nas noites de natal. E depois desse dia (que por sinal eu chorei horrores vendo filmes de natal e pensando como seria daqui pra frente, meu pai sempre animava de fazer algo aqui em casa ou de ir pra casa de alguém e minha mãe já não tem esse ânimo, então...), tive uma conversa com a minha mãe e decidimos que nunca mais iríamos passar natal desse jeito e que faríamos uma ceia nem que seja só pra nós duas. Já que a minha mãe é companheira pra todos os momentos e entendeu o meu desgosto com essa época, e não vai sem mim. E desde então ela sempre faz ceia completa pra nós duas. E os meus natais nunca foram tão bons e confortáveis como esses últimos. Em casa, com a pessoa que eu mais amo e temos uma ceia normal como qualquer outra, só que sem falsidade, sem mimimi, sem precisar ficar fazendo bonito, sem medo de comer e repetir quantas vezes quiser, sem precisar se produzir toda, na mesa de casa, super a vontade e um clima super bom, do jeitinho que eu gosto. Arrumamos tudo, todos os anos, nossa árvore, nossa decoração, nossa mesa. E eu já não sinto o vazio de antes nessa época. E não preciso mais passar pela raiva e o desagrado que é ir pra casa dos outros. Esse é o meu natal. E eu gosto muito dele. Só não sei quando iremos fazer algo diferente. Somos maduras e temos cabeça o suficiente pra aceitar que nós duas formamos nossa família e somos felizes assim. E acho que mais felizes que muitas famílias completas por aí. Meu pai sempre me pergunta se quero passar com ele mas minha mãe nunca me abandonou pra festejar com os outros, mesmo não apoiando muito minha ideia de ficar em casa, ao contrário dele, então eu não abandonarei ela. E acho que mesmo quando eu tiver um namorado ou amigos que me chamem pra passar com eles, eu levarei minha mãe, sem dúvidas. Esse ano mesmo, duas amigas quando souberam que eu passo natal dessa forma e que esse é o meu jeito de ser feliz no natal, me chamaram pra passar com elas na casa de seus familiares mas eu não consigo aceitar. Se eu não estou disposta a passar nem com os meus familiares e aturar a falsidade deles, imagine dos outros. Não dá. Não é por falta de família gente, eu tenho minha família sim, que levam meu sobrenome e estão muito bem, obrigada, não tenho briga com nenhum, nem nada, é só uma escolha minha. De qualquer forma, agradeço a preocupação. É isso. Não consigo ser breve, então, desculpem pelo texto enorme. xx
Ps:  Resolvi colocar foto da Taylor por estar vendo nesse exato momento o desfile VS com a Taylor, e como estava sem ideia pra foto para essa post, por que não?


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